Gustavo Jaccottet
A falta de virtude nos leva à ignorância
Gustavo Jaccottet
Advogado
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Assim como o leitor José Carlos Pöppl Filho, estou perplexo ao saber da arbitrariedade cometida pelo presidente da Câmara de Vereadores de Pelotas. Em seu texto, o autor escreveu sobre o desconhecimento do presidente da Câmara de Vereadores acerca da letra do Hino do Estado do Rio Grande do Sul. Ele tem razão. Forço-me à conclusão de que é necessário um curso para a formação de vereadores, pois os nossos, amigo, andam complicados.
Uma sessão solene realizada na Casa do Povo recebe este adjetivo pelos protocolos a ela afetos, da mesma forma que os pavilhões que guarnecem os prédios públicos. Um deles, claro, é a execução dos Hinos da República Federativa do Brasil, do Município de Pelotas e do Estado do Rio Grande do Sul, conforme artigo 132 do Regimento Interno. Este documento foi o mesmo utilizado para eleger a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, porém ela não é "soberana" a ponto de descumprir a própria norma jurídica que a rege.
Notei, também, que o atual presidente é o vereador César Brizolara, que presumo possuir um conhecimento interessante para estar na posição de presidente da Câmara. Fiz uma breve pesquisa e vi que ele milita pela alteração do nome das ruas da cidade, dentre outros projetos afetos à causa afrodescendente; todavia não compete a ele interpretar o Hino do RS e tampouco é legítimo que descumpra o Regimento. A sua função é verear, como já mencionei por outras duas vezes em textos aqui publicados.
Lembro que Nelson Mandela decidiu manter as cores dos Springboks, seleção de rugby da África do Sul, ainda que ela remetesse ao Apartheid, pois era o esporte praticado pelos africânderes.
Os legisladores pelotenses ocupam-se de atividades alheias àquilo para o qual foram eleitos, qual seja, exercer a vereança, donde deriva o substantivo que os qualifica como autoridades públicas, digno de dar-lhes o pronome de tratamento de Vossa Excelência. Senhor presidente, leia o Regimento Interno, aprenda quais são as suas funções e qual é o seu devido lugar junto à comunidade, além do que significa virtude e escravidão, caso contrário é melhor renunciar.
Povo que não tem virtude de fato merece ser de fato escravizado, contudo pela ignorância de não saber de que forma tal letra foi escrita, independente do que a palavra escravo possa significar a ele como pessoa fora das atividades de vereador. Ela foi comum a negros, povos nativos da América do Sul, judeus, ciganos, testemunhas de Jeová e até mesmo muçulmanos.
Vereiem senhores, apenas vereiem, pois o que pagamos mensalmente a vocês não é barato e sequer há exigência de dedicação exclusiva. Porém, um curso de formação cairia bem, se bem que levando em conta os custos do Legislativo, da mesma forma seria bastante oneroso.
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